Canto do Piaga
II
Por que dormes, ó Piaga divino?
Começou-me a Visão a falar,
Por que dormes? O sacro instrumento
De per si já começa a vibrar.
Tu não viste dos bosques a coma
Sem aragem – vegar-se e gemer,
Nem a lua de fogo entre nuvens,
Qual em vestes de sangue, nascer?
E tu dormes, ó Piaga divino!
E Anhangá te proíbe sonhar!
E tu dormes, ó Piaga, e não sabes,
E não podes augúrios cantar?!
Ouve o anúncio do horrendo fantasma,
Ouve os sons do fiel Maracá:
Manitôs já fugiram da Taba!
Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!
Gonçalves Dias. Primeiros cantos: Poesias americanas.
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