Fotografia do menino
O menino morto
nem fazia conta
do caixãozinho de brinquedo,
do diadema de flores,
nem da roupa de festa
com que a mãe o vestira
num dia ordinário.
Estava tão limpo e tão lindo
e o verniz dos sapatos
brilhava tanto,
mas o que incomodava de
verdade
eram as mãos presas
numa prece que ele não sabia
como soltar
e nem deveria, decerto,
pois a mãe poderia vir a
ralhar
e seria um aborrecimento
enorme.
VERUNSCHK, Micheliny. Geografia
íntima do deserto. São Paulo: Landy, 2003. p.81
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